segunda-feira, 31 de maio de 2010

JUDEU-MAÇONARIA MEDIEVAL

No seu livro, A Ciência das Religiões, Emile Burnouf escreveu, em 1885:
“A ciência encontra, hoje, as religiões, no estado de separação. Ela se propõe reconstituir, teoricamente, sua unidade primitiva. Estabelecida em teoria, a unidade primitiva dos dogmas antigos da humanidade seria o objetivo supremo da ciência das religiões.
“Mostrar que, sob suas variedades aparentes, essas grandes instituições cobrem uma mesma doutrina fundamental, seria restituir, a cada uma delas, o papel que desempenhou na historia, e, fazer desaparecer, tanto quanto possível, o antagonismo que as mantêm separadas, e, que, por elas, desfez o feixe do gênero humano”.

A unidade primitiva das religiões da antiguidade, conhecidas somente no seu estado de separação, consistia, essencialmente, na identificação dos órgãos e das tradições do povo por meio de cosmogonias, variadas nas suas fórmulas, mas, semelhantes na doutrina ensinada, disciplina imposta, e ritos praticados; as cosmogonias eram adaptações das Sagradas Escrituras (da Bíblia), cabalisticamente interpretada, às diferentes situações e condições nas quais eram apresentadas. Eram variedades de uma mesma doutrina fundamental, a doutrina construída sobre a interpretação material, carnal mesmo, da Tora.

Por meio dessa identificação, dos órgãos e das tradições dos povos, à cosmogonia cabalística, os príncipes de Israel pensavam dominar a sentimentalidade das almas, ao mesmo tempo que, por sua organização comercial e financeira, saberiam ser, efetivamente, os donos da economia mundial. O estudo a ser feito, ou, pelo menos, completado, da influência judaica, mesmo estando submetidos aos Césares, mostraria até que ponto essa pretensão dos judeus, de ser os dominadores do mundo, teria fundamento.

O acontecimento evangélico veio lançar a dúvida nos projetos do judeu, do judeu cabalista, no sentido pejorativo da palavra. Os demais judeus, que por causa de Cristo, passaram a ser chamados nazarenos, depois cristãos, desapareceram rapidamente enquanto judeus. Restaram, somente, os judeus cabalistas, cujo esforço coligado fez crucificar o Messias, usurpador, aos seus olhos, do título de rei dos judeus, apóstata e traidor.

Os judeus cabalistas trataram, inicialmente, com desprezo, o ensino da Igreja, nele vendo apenas essa heresia estúpida e sem futuro, a qual poderiam destruir facilmente, com o conjunto de meios que pensavam possuir, a fim de eliminá-lo, ou, pelo menos, impedir sua propagação. Tinham horror dele por causa do seu dogma, moral e culto, contraditórios com suas tortuosas doutrinas, disciplinas retorcidas e ritos usuais, bem como por causa da sua clareza, da sua pedagogia categórica, oposta ao seu esoterismo.

Os judeus compreenderam a deficiência da tática do desprezo, empregada para derrotar a nascente Igreja, somente quando São João logrou erigir uma muralha em torno do ensino dos Evangelhos, com o formidável documento do Apocalípse, que apresentava a evolução futura do ocultismo hebreu-pagão, utilizando contra ele seus próprios símbolos, acumulados num texto revelador.
Mudaram, então, seus métodos de combate. As perseguições que fizeram desencadear (“Fontes persecutionum synagogae Judoerum”, disse Tertuliano), não valeram de nada. Sua nova tática consistiu em isolar a terminologia evangélica e transformá-la em expressão analógica da sua antropomórfica divindade.

A gnose foi o primeiro ensaio dessa tática seguida, depois, pela Sinagoga, que foi desenvolvida e aperfeiçoada por meio das inúmeras heresias, e, também, seitas e sociedades secretas sem conta, no tempo e no espaço, tudo a fim de consolidar o sonho de Israel. Esse sonho, que parecia ter-se realizado com o drama do Calvário, consiste, essencialmente, como publica Emile Burnouf, em unificar, num “mesmo destino fundamental”, as religiões “reduzidas ao estado de separação” pela pregação dos Evangelhos.

Seria necessário elaborar a história das heresias e das seitas, do ponto de vista do papel que desempenharam, nessa tentativa de sujeição da Igreja, única dissidente, à unidade.

O arianismo e o maniqueísmo, desempenharam o papel principal nos primeiros séculos da era cristã, nessa comédia diabólica.


Islã

Porém, a manobra, incontestavelmente melhor sucedida, foi o Islã, nascido num país, e dentre um povo quase desconhecido, e, que, no espaço de um século, construiu um mundo novo, na metade da terra, uma nova civilização que foi, durante muito tempo, a mais avançada em muitos aspectos. Nos anais da humanidade, talvez não haja um fato mais surpreendente do que a propagação do Islã.

O estudo das suas origens cabalísticas, e, da iniciação de Maomé rabinos, está por ser feito, mas parece que existem elementos adequados. Pode-se, facilmente, descobrir a alegoria dos mistérios inumanos no código dessa religião, aparentemente um simples monoteísmo, com um ritualismo reduzido a práticas muito simples, e, de um doutrinarismo restrito à unidade de Deus, e à missão divina de Maomé.
“Nós te demos o Kauter”, diz, com efeito, o Corão.

O Kauter é a realidade viva do antigo ídolo Katray, dos mais antigos habitantes de Meca, nome verdadeiro da pedra negra. Esse nome quer dizer: a abundante multiplicação. Vem de um verbo árabe que exprime a idéia de ser, ou a ação de tornar numerosos, e cujos derivados são: um adjetivo, que significa: abundante, numeroso; um substantivo, que serve para designar um homem liberal, benfazejo, um rio do paraíso que torna os homens numerosos, um senhor.

Na religião do Islã, os nomes da pedra negra, Kethna, a abundante, e, do senhor, Kauter, rio divino cujos inúmeros afluentes irrigam o paraíso, são idênticos a Kronos dos gregos, a Saturno, dos latinos, ao Belfegor dos hebreus, Civa dos indus, Fô dos chineses....
“Nós te demos o Kauter. Dirige tua prece ao senhor e sacrifica-lhe vítimas. Aquele que te odeia morrerá sem descendência...
“Deus é a luz dos céus e da terra. Essa luz é como uma pira, na qual se encontra uma chama colocada num cristal, cristal semelhante a uma estrela dos céus. A chama arde com o óleo de uma árvore bendita, duma oliveira que não é, nem do Oriente, nem do Ocidente...
“Não consideraste que tudo o que está nos céus, e sobre a terra, anuncia os louvores de deus...
“Deus nos criou a todos, no início do pó, depois, com uma gota de esperma, em seguida, dividiu-nos em dois sexos...
“Deus, não há outro deus além dele... vos reunirá todos, um dia, porque ele é poderoso... se Deus tivesse querido, teria feito de vós um só povo, porém, quis provar vossa fidelidade na observância de tudo o que vos deu...
“Malditos sejam aqueles que não crêem por causa da conjuração do grande dia... Adverti-os dos dias de arrependimento, quando se cumprirá a obra... Somos nós que herdaremos a terra, tudo o que nela existe...”

Multiplicação da humanidade sem Deus, extinção, por corrupção, da humanidade cristã, gozo desenfreado dos bens materiais, é o fim para o qual o ocultismo islâmico, assim como os demais, quer conduzir os povos. Isso está apresentado num artigo de “La fleur de l´Inde”:
“... Eis os ingleses, trazidos pela força das coisas, e, por uma sorte de apelo geral de todos os partidos, para se constituírem soberanos de Aunde, a mais antiga cidade da índia em fama, porque não houve um só tipo de desordem, até mesmo sangrenta, que não envolvesse essa cidade, outrora a morada de uma moralidade tão alta.

“Aunde não apresentava mais que um espetáculo digno dos tempos de Heliogábalo. Não oferecia mais que a lenta ignóbil de um indianismo e de um islamismo degenerados, atacados, ambos, de gangrena senil, e, caindo, tanto um, quanto outro, em decomposição...”


O simbolismo ocultista medieval

Trata-se, agora, de remover todos os véus, com que os pontífices e adeptos cuidaram de cobrir as doutrinas do mundo oculto, com o duplo objetivo de transmiti-las às gerações futuras e defendê-las do desprezo dos profanos.

Isso somente é possível transmitindo-se em estilo categórico (claro, preciso, conciso) os textos simbólicos sob os quais os iniciadores têm, sucessivamente, dissimulado sua imaginação. É impossível, e inútil, traduzi-los todos, mas, escolhendo-se algumas dessas dissimulações inventadas pelo ocultismo, pode-se reduzir todas essas iniciações a um mesmo ensino doutrinário e disciplinar.

Na sua obra L’entrée au palais fermé du roi (A entrada no palácio fechado do rei), Philalèthe, traduzido por Langlet, sob o título de la philosophie hermétique (História da filosofia hermética), diz o seguinte:
“Se revelasse, sem metáforas, no que consiste a obra, não teria, mesmo entre os mais estúpidos, quem não zombasse da sua arte. Quem quer que tome conhecimento dela saberá que esse ensinamento é coisa de mulher e criança. É por isso que os sábios mantêm o segredo extremamente fechado”.

Os próprios sábios, ao dar à natureza da “grande obra”, os nomes mais recomendáveis – alma, céu, coroa de rei, luz, ouro, oriente, sal, justiça, vida... – não se encontram tomados de respeito, que nunca tiveram; jamais pensaram em não rebaixar sua linguagem, deixando supor, pela vulgaridade das expressões, a baixeza do seu objeto; não lhes repugna, por certo, de maneira nenhuma, empregar, em vez desses nomes esplendorosos, outros, tais como: coisa vil, corpo imundo, sapo, fezes calcinadas, fezes dissolvidas, imundícies, insípida terra fétida...

Um desses sábios, Pernety, assim se expressa:
“Nada induziu tanto ao erro, àqueles que estudam os livros de filosofia química, quanto a multidão de nomes, mais de 600, que deram à sua matéria, e à única operação que devem realizar para alcançar o magistério. Mais que todos, sabem que a matéria, sendo única, tem somente um nome próprio em cada língua. As diferentes cores que ocorrem na matéria, fazem com que dêem o nome às matérias assim coloridas. Por exemplo: quando é preta, os filósofos as chamam: tinta, lama, cabeça de corvo, e de todos os nomes das coisas pretas. Quando ela se torna branca, a denominam: água purificada, neve, cisne... Depois do branco, vem a cor limão, então, os filósofos dizem: nosso azeite, nosso ar, e todos os nomes das coisas espirituais e voláteis. Quando vira vermelho, chamam de: açafrão, alho, ouro, carbúnculo, rubis, e, enfim, de todos os nomes de coisas vermelhas, seja de pedras, plantas ou animais...”

O princípio, ao qual essa linguagem tortuosa deve se relacionar, é, facilmente exposto por Jean Le Pelletier, no seu “Alkaest ou dissolvant universel de Van Helmont” (Alkaest ou dissolvente universal de Van Helmont), quando diz:
“As palavras são nomes inventados para comunicar nossos pensamentos uns aos outros. Pode-se acrescentar a idéia que se quer dar, quando se adverte aquele com que se comunica, o que se entende por tal ou qual palavra, tal ou qual idéia.

“Porém, como não há somente aqueles que participam dessa comunicação, que podem servir-se dessas palavras segundo essa idéia, é necessário que aqueles que desejam saber o que significam as palavras ou sons, dos quais se servem alguns homens, entre si, para comunicar seu pensamento, tomam desses mesmos homens a idéia que atribuíram às palavras que empregam.

“Daí que, se desejo instruir-me na língua de uma nação, arte ou ciência, devo, antes de tudo, informar-me sobre quem compõe essa nação, arte ou ciência, sobre a idéia que atribuíram às palavras ou sons, a fim de se fazerem entender.

“Essas palavras ou sons são recebidas entre essas pessoas com a condição de tal ou qual significação...entendida por cada uma delas.

“Mas, se se conclui que uma dessas pessoas tenha uma idéia nova, e que não encontra palavras, ou sons para significá-la e fazê-la entender aos demais, é porque não lhe é permitido tomar, uma dessas palavras ou sons já aceitos, a fim de significar outras coisas, e, lhes adicionar uma nova idéia, convencionar, com aqueles que decidiu fazer-se entender, que ligou essa nova idéia a essa palavra, da qual já existe uma outra.

“Essa palavra, após essa nova convenção, será, sem dúvida, equivocada, posto que poderá exprimir duas idéias, ou terá duas significações diferentes, de sorte que aqueles que participaram dessa convenção, poderão, se quiserem, servir-se dessa palavra equivocada, tanto de uma quanto de outra dessas diferentes significações...”

É preciso que se conheça, absolutamente, esse princípio fundamental, a fim de aplicá-lo em todas as obras onde é possível supor-se, um pouco que seja, que isso constitua influência das sociedades secretas. Sem isso, corre-se o risco de ser enganado sobre o conteúdo de tais obras. Atacá-las, nestas circunstâncias, seria o mesmo que atacar, vigorosamente, apenas as nuvens da própria imaginação.

“Os filósofos não exprimem o verdadeiro sentido do seu pensamento em linguagem comum, não se deve interpretá-los segundo as idéias que são apresentadas pelos termos usados para exprimir as coisas comuns. O sentido que é representado pelas letras não é o seu.

“Falam por enigmas, metáforas, alegorias, fabulas, similitudes, e cada filosofo as torneia segundo a maneira com que é tocado. Um adepto químico explica suas operações filosóficas em termos tomados das operações da química vulgar. Fala de destilação, sublimação, culminação... de fornos, vasos, fogo, usados pelos químicos, como fizeram Gerber e Paracelso. Um guerreiro, falará de sítios, como Zacharie. Um religioso, fala em termos morais, como Basile Valentin, no seu “Azoth”. Eles têm, numa palavra, falado em termos tão diferentes, e variados, que é preciso estar acostumado para entendê-los. Um filósofo, freqüentemente se embaraça ao tentar explicar um outro, completamente...”

Não contentes com esses tratados em linguagem oculta, os filósofos herméticos “são explicados, muito freqüentemente, mais por meio de símbolos e enigmas, do que por discursos acompanháveis e abertos a qualquer um. D’Espagnet, acredita ser mais capaz de expressar seus pensamentos, e desenvolver seus sentimentos, com seus símbolos, do que com seus escritos. Michel Marie, alaborou um tratado de símbolos, intitulado “Athalantes fugiens...” (Atalantes fúlgidos...), no qual se vê o segredo dos adeptos quase tão completamente representado como num espelho...”

Os símbolos vêm da mais alta antiguidade. A coleção mais antiga, e mais completa, parece ser aquela que, modificada de diferentes maneiras, pela ignorância ou malícia dos homens, resultou nas cartas de jogar e “adivinhar”, entre os diversos povos. O jogo de cartas menos alterado é o chamado “tarô”, que serve para que os boêmios nômades tirem a sorte.

Na maioria dessas coleções de símbolos, os hieróglifos são acompanhados de legendas proféticas, redigidas no estilo de Nostradamus.

Os autores desses símbolos, e da linguagem correspondente, foram, na Idade Média, os alquimistas, propagadores da filosofia hermética; os mágicos, ou magos, apóstolos da magia. Nos nossos dias, são os F.: M.:, obreiros da maçonaria simbólica.


Alquimia

A alquimia também é filha da Cabala. Basta, para se convencer disso, observar os símbolos de Nicolas Flamel, Basile Valentin, os textos do judeu Abraham, e os oráculos, mais ou menos apócrifos, da Tábua de Esmeralda, de Hermes.

“Um segredo físico imenso está, aliás, coberto sob as palavras dos anciãos ...”
os adeptos não têm, jamais, ilusões sobre isso. Comparam suas alegorias ou símbolos, visivelmente inspirados nas idéias que Henri Kunrath transmite no título do seu livro:
“Amphiteatrum sapientiae aeternae, solius verae Christiano–cabalisticum, divino–magicum, nec non physico-chimicum, tertricinium, catholicum, instructore Henri Kunrath, theosophiae amatore fideli et medicinae utriusque doctore.”

Isso quer dizer que a doutrina da sabedoria eterna, a única verdade, é, ao mesmo tempo cristã, cabalística, divina, mágica, física, alquímica, três vezes trina e católica. Por ela o homem é posto na posse da ciência divina, e, da medicina universal.

A alquimia é “uma parte da filosofia natural que ensina a produzir os metais na terra”, nos diz Zacharie. Paracelso, diz mais, que ela “é uma ciência que mostra como transmutar os metais, um no outro.”

Pernety desenvolve essa definição, ensinando que:
“Ela é a ciência e a arte de fazer uma grande fermentação, que transforma os metais imperfeitos, e que serve de remédio universal para todos os males dos homens, animais e plantas. Os verdadeiros alquimistas conhecem a natureza e suas operações, e, servem-se desses conhecimentos para atingir, como diz São Paulo, àquelas do Criador.

“Quando se lê as obras de Hermes Trimegisto,seu chefe, de Gerber, Morien, Raymond Lulle, do Cosmopolita, de Espagnet, e de tantos outros filósofos alquimistas, verifica-se que todos eles falam do amor de deus e do próximo, e publicam, claramente, os procedimentos da verdadeira química, ou alquimia, que são os mesmos que os empregados pela natureza, se bem que resumidos pelos auxílios da arte.

“O tipo ou modelo da arte alquímica, ou hermética, não é outro que a própria natureza. A arte, mais poderosa que a natureza, pelos mesmos caminhos que esta, liberta, em certos casos, mais perfeitamente, as virtudes naturais dos corpos de prisão onde estão encerradas, amplifica sua esfera de atividade, e, reúne os princípios que os vivificam...

“O fogo, que serve de fato nas operações alquímicas, não é o fogo vulgar das nossas cozinhas... É o fogo celeste, espalhado por toda parte, que é a causa principal da pedra exaltada pelos filósofos, em conseqüência do que eles dizem que ela é o pai. Esse fogo, entretanto, não agiria se não fosse excitado por um fogo celeste, volátil, que se estende pela dissolução filosófica de uma terra conhecida pelos filósofos, e que eles chamam a mãe de sua pedra...”

Verifica-se, prontamente, que para bem compreender essas explicações e definições, é necessário saber-se o quê os filósofos entendem pelas palavras: metais, transmutação, pedra, fogo, remédio, medicina. Somente os filósofos estão habitados a nos ensinar. 
Ou,“Seus metais não são mais que os diferentes estados da natureza, durante as operações do seu magistério, ou da grande obra. É essa própria matéria da qual se extrai o espírito, do qual se faz a pedra em branco ou em vermelho... É a semente dos corpos que é a matéria prima dos alquimistas, na qual eles distinguem a semente macho, que tem condição de forma, e, a semente fêmea, que é a matéria própria para receber essa forma. Assim, quando os químicos falam da sua matéria prima, eles entendem, mais freqüentemente, a semente fêmea, se bem que falam, algumas vezes, de uma e de outra...”

Portanto, a alquimia, em geral, é a ciência da reprodução. Mais especialmente aplicada ao homem, ela se torna, propriamente, a química humana, isto é, a arte de produzir, através do sofrimento, e com a maior perfeição, o maior número possível de nossos corpos humanos.

De fato, todas as alegorias e símbolos da alquimia tratam somente da obra, mais ou menos misteriosa, da geração humana, imagem, no dizer dos filósofos, da geração primitiva e da manutenção do universo, tipo exemplar da constituição definitiva da sociedade perfeita, que está em vias de formação sobre a terra.

Tais são, com efeito, as três realidades, ou mundos, que esses pensadores, cuja potência intelectual é, aliás indiscutível, têm a pretensão de descrever, analogicamente, nas suas obras: o microcosmo, ou pequeno mundo, isto é, o homem, considerado como homem e mulher, andrógino; o macrocosmo, ou grande mundo, quer dizer o todo, o mundo inteligível, ou a sociedade humana universal.

É, em virtude dessa classificação, que eles dizem com Eliphas Lévy:
“Toda palavra tem três sentidos. Toda ação possui um tripla partida. Toda forma tem uma tríplice idéia. O absoluto retribui, de mundo em mundo, com essas formas. Toda determinação da vontade humana modifica a natureza, interessa a filosofia e se escreve no céu.”
Apoiando-se nessa tripla analogia, os adivinhos e tiradores de sorte, os hierofantes do ocultismo alquímico, fazem passar, num determinado mundo, as lendas enigmáticas, os símbolos da grande obra, através de profecias concernentes à marcha geral da Igreja, nela juntando os desenvolvimentos ou confirmações de igual valor, inspirados por alguns iluminados de um ou de outro sexo, pela voz frouxa – Bath Kohl – dos rabinos. Qualquer que seja a utilização dessa falsa analogia, os fundamentos analógicos são, sempre, o andrógino gerador e o mistério da geração, razão mais profunda da alquimia, e de todas as seitas ocultas.

Suas alegorias e seus símbolos referem-se, principalmente, à obra de multiplicação do homem.
Em si, no Espírito do Criador, essa obra é tudo o que há de maior e mais belo na ordem natural humana. Porém, no espírito do ocultismo, em estado de carência e revolta, ela se transforma, inevitavelmente, nas paixões da ignomia. Ela devora e degrada seus orgulhosos adoradores.

A noção dos metais e das transmutações, foi metaforicamente aplicada a essa obra, e à natureza dessa obra.
“Essa matéria não se encontra... senão na semente dos corpos, e no ponto de perfeição próprio à geração, isto é, quando ela não tinha sido corrompida pela natureza, ou pela arte, e que se a tomou como tal... Ela é a potência de engendrar que foi reduzida ao ato, por meio do fogo...”

É, sem dúvida, a metáfora do fogo, velha como o pensamento humano, que deu origem à metáfora dos metais. Como sempre se disse, em todas as línguas, o fogo dos fornos e o fogo do amor, querendo, um dia, ver metais num fogo como no outro; e, o rito alquímico foi inventado; depois, minuciosamente conduzido pelo refinamento dos adeptos, até ao extremo limite da analogia.
“Distingue-se os metais”, – diferentes estados da matéria –, “em metais perfeitos”, – também chamados corpos –, “que são o ouro e a prata, e, em metais imperfeitos, que são o cobre, o chumbo, o estanho, o mercúrio... esses estados” – ou metais – “são em número de 27. Como há 7 planetas, há 7 metais comuns. É por isso que os filósofos dão a regência a 7 planetas, que dizem dominar cada estado. Cada um se manifesta por cores diferentes. A primeira regência é a do Mercúrio, que tem a cor preta... A matéria, chegando ao estado de putrefação, ... é o seu Saturno e o seu chumbo... A cor cinza, que precede a cor preta, é seu Júpiter e seu estanho...”

Há, evidentemente, cores, assim como planetas e metais. São cores convencionais. Aceitando-se essas convenções complementares, seguem-se as analogias do metal e do fogo, mas, adicionando-se essa suposição, da qual se aguardou, em vão, a confirmação de que os diferentes estados da natureza metálica, pretensamente uma e idêntica, sob a forma de mercúrio, chumbo, estanho e outras mais, não têm senão uma fixação, maior ou menor, de elementos ígneos na matéria.

Os metais submetidos à ação do fogo passam, de acordo com os graus de calor adquirido, ou a quantidade de fogo armazenada nos seus poros, pelas diversas cores da combustão. Os filósofos quiseram dar os nomes dessas cores sucessivas aos estados, também sucessivos, do corpo orgânico em formação pela ação do fogo vital.
“...A fim de que a razão de todos possa existir mais plenamente... falaremos de cada eu o que se segue...
“Se nasce com o primeiro eu, de nada descende, senão do humor... semelhante a muitas variedades de congelação, com algumas ramificações, pelo que, então, Saturno é um signo no qual tudo se coagula, naquilo que coagulou no momento da Lua...
“Se nasce do segundo eu, o sangue brota aos poucos, posto que Júpiter então reina e domina, pela operação do humor da água, já convertida em sangue e muitos membros...
“Se nasce do sétimo eu, se evade muito, e pode fugir pelo domínio da Lua quando, pela sua regência, a ordem das funções está completa, pelos planetas, nessa criatura...
“Pois bem, a ordem de operação dos sete planetas estando completa, a qual é feita ao final do sétimo eu, quando o embrião e germe nasce e foge, ou, não nasce, os supracitados planetas começam a reinar na matéria...”

Com essas noções, nada mais fácil do que compreender a natureza das transmutações, daí não se poder negar a realidade.
“Aqueles que negam a transmutação metálica, e que o vêem como impossível, têm espíritos maus, ou não prestam atenção àquilo que a natureza opera, a cada instante, sob seus olhos, e neles próprios.”

O resultado final, dessa transmutação de natureza hermética, é a pedra filosofal, ou de projeção.
“Pedra e não pedra... magistério perfeito... chamado Pedra, não daquilo que tenha qualquer semelhança com a pedra, mas daquilo que resiste aos ataques do fogo mais violento, como as pedras... É um pó impalpável, muito constante, pesado e de bom aroma, o que fez que se chamasse pó de projeção...”

Se bem que nada tenha de pó, ou de projeção, esse pó fictício é chamado de projeção porque “é um pó que, sendo projetado sobre os metais imperfeitos em fusão, os transforma em prata ou ouro, segundo a obra tenha sido conduzida ao branco ou ao vermelho...”

A fusão, ou dissolução dos metais, se obtém por meio de um “dissolvente universal”, ao qual van Helmont e Paracelso deram o nome de Alkaest. O dissolvente universal não é outra coisa, de fato, como seu nome indica, que o ato da união recíproca dos geradores, ou, se se desejar refiná-lo, no sentido das mais engenhosas revelações, o princípio formal e ativo da semente, no estado de efervescência que atingiu pela operação do magistério.

A palavra Alkaest vem, de fato, de uma raiz árabe, que quer dizer: coabitar com uma fêmea, engendrar.
“O Alkaest é um licor muito conhecido entre os árabes”, cuja religião, como todas as falsas religiões esotéricas ou ocultas, é filha da Cabala.

Do mesmo modo, a palavra alquimia vem duma raiz árabe cujo sentido é: esquentar, proteger, defender, conservar, salvar. Dela vem “o camelo reprodutor, que se usa para cobrir as fêmeas, e se deixa pastar e beber à vontade”. A mesma palavra também significa: leão. Daí a escolha dessa palavra para designar os diferentes estados da matéria, no curso das operações da grande obra: Leão vermelho = semente masculina; leão verde = semente feminina; leão voador, leão encantador, leão velho.

Pernety, Kasiminski, Morien, Raymond Lulle, Gerber, Jean Léger, Abraham Judeu, Nicolas Flamel ... foram os iniciadores do rito alquímico, cujo triunfo teria sido a transformação da sociedade humana num incontável rebanho de camelos humanos, explorados pelos iniciados.

Por certo, é somente na geração, livre e fecunda, digno compadre do rito que constrói (n.d.t. – no original: Maçonne) que o rito que destila, esperava encontrar o remédio da medicina universal.
“Remédio curador de toda doença, se não tivesse o inconveniente de ser desconhecido dos homens em geral, e, pouco conhecido dos grandes médicos... O verdadeiro e único meio de remediar a todos esses inconvenientes seria publicar os procedimentos chamados de medicina universal ... Mas, aqueles que pensam ter sabido e posto em prática ... declaram que ele resultaria num ainda mais grave inconveniente para a sociedade, por causa do abuso que dele fariam os perversos. Não ensinaram, portanto, em seus tratados, esse assunto, senão de forma enigmática, alegórica, metafísica, a fim de que não se tornasse inteligível, senão àqueles que só deus favorece...”

O nome de deus, como tantos outros, é a negação da obra prima de Deus, porque os ocultistas dizem:
“Quando nos servimos de palavras consagradas – deus, céu, inferno... –, que saibam bem, de uma vez por todas, que nos afastamos tanto do sentido próprio dessas palavras que a iniciação fica separada do pensamento vulgar”.

Os maiores pontífices do ocultismo têm, aliás, profetizado o caráter soberano da medicina universal, chamando-a: o dia do Juízo.
“Deixai os tolos buscar nossa obra, e cair em erros após erros na sua busca. Eles não atingirão, jamais, sua perfeição, até o dia em que o sol e a lua se converterão num só corpo, o que não se poderá fazer senão no dia do Juízo”.

Foi-lhe dado esse nome porquê:
“Nessa conjunção perfeita do verdadeiro matrimonio, fez-se a separação dos seres e dos condenados, isto é, da terra grosseira, impura, chamada de danada pelos próprios químicos vulgares, e, da mais pura substância da matéria ... Essa substância, não é outra coisa senão o pó que se eleva da borra, e se separa... é a cinza das cinzas, terra resumo, sublimada, honrada, eleita... o que fica no fundo... É uma terra condenada, rejeitada, as fezes e as escórias do corpo que se deve rejeitar, porque não tem nenhum princípio de vida, e, tudo aquilo que for a verdadeira pureza dos elementos, será destruído no dia do Juízo...”

Com essa idéia do dia do Juízo, o pensamento do filosofo, no caso Raymond Lulle, abarca o mundo, evidentemente, e contempla, em sonho, é verdade, a ação secular do ocultismo sobre as sociedades, com vistas a preparar um dia do Juízo terrivelmente ao contrário, quando a grande obra, tendo obtido suas realizações sociais, os adeptos vencedores destruirão seus inimigos sob as rodas do seu carro do triunfo.

sábado, 22 de maio de 2010

HEBRO-PAGANISMO

HEBRO-PAGANISMO



Como estabelecer, através de uma documentação acessível à crítica moderna, o fato histórico da existência permanente, na humanidade, de dois partidos irreconciliáveis: o partido de Deus, e, o partido dos homens, este irrevogavelmente insurrecto contra Deus?
Como demonstrar que esse partido dos “filhos dos homens”, que é o ocultismo, constitui um mundo à parte na humanidade, mundo da “mentira”, das “trevas”, da “impudicícia”, mundo “ímpio”, “mentiroso”, “revoltado”, “perverso”, segundo os qualificativos que lhe dão as Escrituras?
Como desmascarar as origens, as doutrinas, as disciplinas, os meios, os objetos e as pretensões desse mundo, “incapaz de receber o Espírito”, contra o qual peca impudentemente, desse mundo “pérfido”, cujo fim os profetas predizem, que rejeitou os sentimentos divinos, a fim de deificar-se, nas partes mais menos da sua própria natureza?
Esta demonstração, documentação e “desmascaramento”, podem ser feitas, simplesmente, pela utilização da chave da evolução deste mundo, desde o começo, nos arquivos que dispõe, atualmente, a ciência, naqueles textos que escaparam de destruições, voluntárias ou fortuitas.
Todos os autores sacros não cessam de anunciar a existência atual, e a vinda futura, de inumeráveis ímpios, encarniçados em trazer o homem para a sua impiedade.
De acordo com as leis especiais das analogias místicas, o Velho Testamento é prefigura do Novo. Os profetas ligam seus comentários, percepções e descrições, a fatos históricos que são, pelo menos, implicitamente, as bases sensíveis, porém; seu espírito é posto, por esses fatos, em presença de realidades diferentes, proporcionalmente análogas: a queda do anjo, a queda do homem, a queda das cidades, e, as nações degradadas...




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A primeira denominação dada ao mundo “inimigo”, antes do dilúvio, à posteridade de Caim, o homem da terra, que se caracteriza pela inveja, traição, fratricídio, ocultismo iniciador, é: “Os filhos do homem in via Caim abierunt”¬ – em oposição com a descendência de Seth, “ os filhos de Deus”.
Após o dilúvio, encontra-se uma denominação muito vaga: “as nações”, depois, no tempo dos juizes, aquela outra: “os filhos de Belial”, e, entre os nomes de seus deuses, encontram-se: Bala ou Bal, Belfagor, que quer dizer: “o Senhor da boca aberta, que traz um buraco aberto (na boca)”.
Remonta a Caim, por Cam, a declaração que expressa, em poucas linhas, os princípios, objetivos e meios do ocultismo, na sua forma anterior, e, que, na forma atual, desenvolvida no 4º livro de Esdras, se concentram nos pentáculos e estão simbolizados nas experiências, nas mais ridículas e humilhantes práticas, “rito do misticismo oculto que tem o poder agrilhoar milhões de homens, muito orgulhosos e inteligentes”.
No reinado “das nações”, a humanidade conheceu, verdadeiramente, a noite dos abismos da inteligência, o caos formidável das idéias fantásticas, e dos desejos insatisfeitos, que gemem no fundo da idolatria mitológica. O Sol da verdade, mensageiro da Justiça, perde sua claridade.
Como “os filhos do homem”, o entorpecimento da razão natural acentua, por toda parte, os progressos odiosos da luta do vicio das paixões, contra a luz sobrenatural do espírito humano, que é a religião.
Ao seu redor, a palavra profética acaba se ocultando, salvo em Israel. Ela deixa o campo livre para as palavras profanas.
Então, começa o período dos hinos, com os quais estrearam as literaturas antigas, contendo, numa desordem inextricável, as ficções simbólicas da evolução humana, em lugar dos versículos védicos das origens. Hinos profanos, – chineses, indianos, persas, egípcios, gregos, escandinavos, e tantos outros que se perdem –, adaptações fraudulentas, seja em relação ao homem, seja quanto a realidades ainda mais vãs, – animais, plantas, metais-, concepções e expressões relativas ao verdadeiro Deus e à influência incessante da Sua Bondade, sobre o espírito e o coração dos homens. A criatura é posta no lugar do Criador.
Depois dos hinos, as epopéias e as teogonias consagram, através de um encadeamento sistemático, essas ficções e aberrações. Exprimem, de uma maneira, por vezes cruel, as dores, os arrependimentos, os desesperos e as aspirações da humanidade desencaminhada.
Uma parte imensa da humanidade se embrutece, nas volúpias as mais impuras, e, nas humilhantes superstições. A luxúria e o medo disputam, entre si, a presa das almas, enquanto os tiranos, sem escrúpulo sem piedade, levam a escravidão até os limites da desumanidade, e, enquanto os falsos deuses, inspiradores e cúmplices dos tiranos, reclamam vítimas humanas.
Pode-se seguir o fio da história geral do ocultismo hebro-pagão nas profecias; se bem que profundamente obscuras, aparentemente, precisam somente de um primeiro raio de luz.
Os profetas, por certo, adotaram, freqüentemente, a linguagem daqueles que desejavam retirar do erro. Linguagem única na terra, empregada desde os tempos mais remotos. Estranha terminologia, e estilo selado, que torna, às vezes, incompreensíveis, as palavras dos profetas, que conhecem as trilhas tenebrosas da Sinagoga, inacessíveis aos profanos.
Pode-se, também, acompanhar essa história nas próprias cosmogonias. Traduzindo-se, os nomes das suas divindades, encontram-se os nomes de certos estados do organismo. A tradução revela, muito bem, a obscenidade anunciada por esses sistemas religiosos, que estão na origem cabalística da sua redação.
Todos os elementos, atualmente incorporados, – e são muito numerosos – dessa história, encontram-se na publicação das diversas academias e sociedades culturais.Foram, até mesmo, comparados, por alguns autores, a fim de elaborar uma ciência das religiões. Um deles, Emile Burnouf, corretamente, propôs-se a “reconstituir, teoricamente, a unidade primitiva..., das religiões que se encontram, hoje, em estado de separação”.
Essa reconstituição, da unidade primitiva das religiões esotéricas, pode e deve permitir identificar-se, cientificamente, as cosmogonias de Canchoniaton, e, as de Berose, Manethon, Zend Avesta, Manés, e de tantos outros, confundidos nessa literatura trimegistíca, ou de Hermes três vezes santo. Sobre Hermes, nada se sabe, mas, após a época de Alexandre, seu nome era, entre os gregos, equivalente a Krisma.
Fizeram-se longas, e pacientes pesquisas, sobre a descendência de Caim, facilmente reconhecido pela sua ambição de conquistar o mundo, por meio da mentira e da crueldade, através do acorrentamento anárquico dos homens à sua impureza.
O mau espírito dos hinos, epopéias e teogonias cosmogônicas, oprimem o pensamento humano, rebaixa, até o fundo seu ideal sublime, e, seu indefectível esplendor.As instituições sociais, criadas por instigação desse espírito, atormentam seus escravos, a ponto de exercitar, neles, o desejo apaixonado do nada. Estado lamentável que se prolonga durante séculos, que a história recusou relatar os horrores, mas, do qual, posteriormente, o drama antigo representou os crimes e os castigos célebres, servindo-se desses grandes exemplos para inspirar os povos, ao respeito à justiça e à moralidade.
Dessa forma, os gregos se puseram a glorificar as virtudes naturais da justiça, temperança, prudência. O excesso de sofrimento, e infidelidade, tinha feito o homem voltar-se para si mesmo, e, desacreditar as supertições. Vitória da razão natural, e revanche o espírito humano, sobre as sugestões rasteiras!
Essa aurora de um novo dia foi à época das elegias, sátiras, odes, do primeiro ensaio da filosofia, da primeira emoção, e, do primeiro apelo de um povo, que não deveria mais cessar da aspirar à posse da Beleza.
A filosofia, ou a arte de pensar, estuda a natureza nos seus diferentes fenômenos gerais, a fim de descobrir suas leis, e, determinar o lugar do homem na harmonia universal.Ela analisa, com o maior cuidado, as concepções naturais de verdade, beleza, bondade; as idéias da alma, de Deus, de esperança numa vida futura. Ela exerce uma influência preponderante sobre todos os gêneros da literatura, e, só ela pode explicar as evoluções ideológicas.
Na ausência de dados incontestáveis sobre as filosofias do Oriente, só se pode seguir o progresso da razão no nosso Ocidente.
Enquanto as Cabiras da Samotrácia, e, os Coribantes da Frigia, celebravam, à noite, nos antros fechados, mistérios cujo segredos eram rigorosamente guardados pelas leis mais severas, dos quais aqueles de Eleusis, consagrados a Ceres; o de Isis, dos egípcios, eram os mais célebres; a filosofia, de Thales a Sócrates, percorria as elevações do pensamento, e, conhecia que, quando se tivesse explicado tudo aquilo que é representado nos mistérios, e, se tivesse tudo representado num sentido razoável e satisfatório, ter-se-ia adquirido, antes, o conhecimento da natureza das coisas do que a natureza dos deuses.
E, buscando sempre subir mais alto, a filosofia não deixou mais de procurar a verdade, de Sócrates a Dionísio, de Dionísio aos nossos dias, em fases notáveis que representam os esforços sucessivos da razão.
Durante esse longo período, tomando, sempre, no sentido próprio, as palavras empregadas num sentido misticamente figurado, o partido dos homens, ou “rei do Norte”, trava sua luta contra o partido de Deus, “rei do Sul”.Seu principal meio de luta é a corrupção, pela luxúria e luxo, o arrastamento ao desprezo de Deus, até a deificação da hiperestesia orgiástica, onde se consome a besta humana.
O “rei do Norte”, Satanás, humanamente representado por seus escravos dos dois sexos, busca, em vão, submeter o “rei do Sul”, o Espírito Santo, humanamente representado pela Igreja com sua hierarquia, às seduções da carne divinizada. Ele excita, pela pornografia frenética das suas iniciações, a exibir e gabar suas impudicas nódoas.
Ele malogrará, porque não enxerga, aqui em baixo, senão evoluções e revoluções da natureza simples e das paixões humanas, na simplicidade da sua evidência superficial, ainda mais, deformada e desbotada, pelos fornicadores já julgados. Cairá, porque é incapaz, efetivamente, de abrir os olhos para as operações do Espírito de Deus, para os ensinamentos, o fim, as condições e os meios da sua vida militante.
Os mentores do reino do Norte sofrerão a ruína final, não no furor dos tumultos e das batalhas, mas por um sopro de Javé, pelo esplendor de sua esperança, que forçará os filhos dos homens a reconhecer sua impotência, e seu nada, no dia irrevogalmente fixado.


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A fim de justificar as trilhas tenebrosas do ocultismo, conduzidas pela Sinagoga, precisaram de monumentos históricos e documentos autênticos.
Quando os iniciadores dispuseram de um livro, as Sagradas Escrituras (Bíblia), através de subterfúgios complicadíssimos, fizeram-no o fundamento alegórico de suas obsessões, e, se empenharam em espelhar essa falsificação no mundo, principalmente por meio de composições escritas, que se tornaram livros sagrados dos povos. É assim que se explica a observação de Burnouf, que transcrevemos: “A identidade das doutrinas que esses livros contêm, em relação àqueles da Índia, e, a identidade dos símbolos que propõem, com aqueles dos cristãos... A Índia deve ser considerada como o berço da literatura hermética... Pode-se considerar o livro de Hermes como um dos mais fortes elos que unem o Oriente ao Ocidente”.Hermes disse: “A linguagem é diferente, mas o homem é o mesmo”. Burnouf explica que:
“A mesma doutrina universal foi escrita nos livros gregos, latinos, siríacos, armênios; praticou-se, ostensiva ou secretamente, sediou-se num grande número de cidades do Levante, veio a fazer de Roma seu próprio centro, ao lado da sede dos Césares”.
Basta, portanto, citar algumas passagens de qualquer uma das cosmogonias hebro-pagãs, dos iniciados da antiguidade. Sanchoniatom delara que:
“... O principio universal dos seres é fluido agitado pelos ventos... um abismo tenebroso e negro como o inferno”.
Isso não deve acabar jamais, e, remontando ao curso dos tempos, não teve, nunca, começo. No mesmo instante em que esse fluido apaixona-se por seus próprios princípios, e que se produz uma união, essa união toma o nome de Deus.
Esse é o principio da criação de todos o seres.
Porém, o fluido amoroso só conhece sua própria criação. Dessa união do fluido primordial provém uma concepção...Alguns dizem que é uma substancia elementar, outros, que é uma participação de uma mistura desconhecida.
É dali que vem toda a fonte da criação, a geração de todos os seres.
Há, no início, elementos indiferentes, dos quais nascem elementos caracterizados... Estes, são chamados “interiores dos céus”.Têm a forma de ovos.
“Então, Moth, dessa maneira, brilha como o sol, a lua, as estrelas e os grandes astros”.
Sob a ação tórrida dos raios solares, um possante calor se desenvolve no seio do ar, produzindo, assim, os ventos, as nuvens e as grandes efusões das chuvas celestes. Divididos, primeiro, e, separados sob influência do calor, os diversos elementos se chocam, pouco depois, na atmosfera. Seu choque projeta relâmpagos e raios. Nos esplendores dessa explosão primordial, os seres inteligentes despertam de um profundo sono, sob a impressão do terror ocasionado por esses estrondos formidáveis.
“Começaram, então, a se mover, distinguidos em dois sexos, na superfície da terra, nas profundezas das águas...”.
Tais são os elementos da cosmologia de Sanchoniatom, que dedicou a maior importância ao estudo da historia universal, desde o seu berço, isto é, desde a origem do mundo; à pesquisa, nos escritos os mais antigos, dos primeiros deuses: o céu e a terra que são, como diz Varrão, “os mesmos que Serapis e Isis para aos egípcios, Tautés e Astarté, entre os gregos... descritos nas obras de Toth, Hermes, Ammonius...”.

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Quando o hebro-paganismo foi destruído pela pregação evangélica, a Cabala recomeçou o trabalho de fecundação iniciática, nas sociedades cristãs, por meio da adaptação dos textos evangélicos ao seu sistema, apresentados, por assim dizer, como uma forma nova de interpretação cabalística dos textos bíblicos, dos fatos da história, e, dos fenômenos naturais.
Após tentativas inúteis, sob a condução de uma tradição oral, essa tradição, ou Cabala, foi, escrituralmente fixada nos livros ocultos, que se tornaram as fontes doutrinais dessa acomodação, desenvolvidas nos Talmudes. Os livros da Criação, e dos Esplendores, – Sepher Zohar e Sepher Ietzirah, Sepher Dzniut –, são os mais importantes.
Eles representam um esforço da razão, no momento do seu despertar, para descobrir o plano do universo, e, o elo que liga, a um princípio comum, todos os elementos dos quais nos passam, em resumo, da universalização às nações abstratas, retiradas de um estudo apaixonado do homem, bissexual e procriador.
Necessariamente inexatas, essas noções são transportadas, por um lado, ao mundo astral meteorológico; por outro, ao mundo social, à sociedade humana universal, à qual se aplica o nome e a natureza do Deus da Cabala. É assim que o homem, bissexual, microcosmo, se faz à imagem do macrocosmo, deus.
Enquanto que o Gênese mosaico, interpretado pela Tradição, é uma memória da Criação, ditada pelo Criador, que nela fez conhecer seu pensamento, sua vontade, e seu objetivo, as fontes do Talmude são uma memória do ser humano, ficticiamente universalizado.
No homem, segundo suas memórias imaginarias, a palavra e a escritura, ou seja, a concepção das suas obras, o enunciado dessas concepções, e, as execuções dessas determinações, são uma mesma coisa, sob três aspectos diferentes. A criação é a escritura de Deus, é a sua palavra ou seu verbo, seu pensamento.
A palavra humana manifesta, por meio de sons ou sinais, o procedimento das letras do alfabeto, – os rabinos só conhecem o alfabeto hebraico –, formas manifestantes do mesmo sopro. A escritura se traça, de acordo com essas formas figuradas, com sinais elementares, vias da sabedoria e da ciência perfeita.
É com esse espírito que se deve ler os livros, fontes do Talmude, e, por ele, de todo o esoterismo ocidental, no período cristão.
O “livro dos Esplendores” pode dar uma idéia exata desses livros, através de alguns extratos:
“O rabi Simeão reuniu, ao seu redor, os iniciados na ciência primitiva, e resolveu explicar-lhes os livros da alta teogonia, chamados livros dos Mistérios”.
Todos sabiam o texto de cor, mas, só o rabi Simeão conhecia o sentido profundo desses livros, que até então fora transmitido, oralmente, e de cor, sem nunca ser explicado, nem mesmo escrito: - Renovai-vos, disse-lhes, que vossos pés sejam livres como vossas mãos...”.
É o “Graditur ore persevo, terit pede, digito loquitur” dos Provérbios (VI, 12-13):
“... Ai de mim, se revelo os grandes mistérios; ai de mim, se os deixo cair no olvido...”.
É a alternativa da desgraça, que é, por assim dizer, a do antigo povo de Deus, cuja grande obra da multiplicação definha, malgrado as promessas, em seguida ao esquecimento dos grandes mistérios, isto é, da ciência profunda da geração carnal. Os longos revezes de Israel são devidos, pensam os rabinos, à imprudente revelação, pelos mestres a estrangeiros, desses mistérios reservados ao único povo verdadeiro, a fim de assegurar sua preponderância numérica sobre os demais povos do mundo.
“... Não há mais que um só Deus verdadeiro, diante do qual os deuses nada são. Não há mais que um só verdadeiro povo, aquele que adora o verdadeiro Deus”.
Depois, ele chamou seu filho Eleazar, e o fez sentar-se diante dele. Do outro lado pôs o rabino Abba, e disse:
- Nós formamos o triangulo...”.
Simbolicamente idêntico ao ternário fundamental, cuja ação fisiológica e mística é preponderante.
“... que é o tipo fundamental de tudo o que existe. Nós figuramos a porta do Templo...”.
Isto é, a infância, pela qual é necessário passar, a fim de torna-se gerador.
“... entre as duas colunas”.
Quer dizer, o pai e a mãe, porque eles são suficientes para construir o templo esotérico.
“O céu inclina para nos escutar, mas eu não lhe falarei sem véus. A terra se tumultua para nos entender, mas, eu não lhe darei nada sem símbolo...”.
“Rabi Simeão diz, ainda: A doutrina secreta é para as almas recolhidas. As almas agitadas, e sem equilíbrio, não podem compreendê-la...”.
“O mundo inteiro está fundamentado sobre o mistério, que é preciso adivinhar, quando se trata de coisas terrestres, e cujos pontos devem ser reservados, quando se trata de dogmas misteriosos, que Deus não revelará, jamais, nem ao mais elevado dos anjos... Mas, Deus se faz homem, para ser amado e compreendido pelos homens”.
Desgraçadamente, esse Deus não é aquele que se fez homem na pessoa de seu divino Filho; é aquele que se fez homem, e se faz conhecer, por cada homem, sob a imagem emprestada por ele, o véu da carne.
“Quando Deus quis criar, ele lançou um véu sobre a sua glória”.É o organismo da carne.
“E nas dobras do seu véu, ele projetou uma sombra...”.
Quer dizer que a condensação das maravilhas do universo, na atividade limitada do organismo, é designada, desse ponto de vista, microcosmo.
“Após o que, ele permitiu a noite...”.
É o tempo da gravidez.
“... de deixar aparecer às estrelas”.
Fases sucessivas da formação da criança no seio de sua mãe.Esta noite parte do primeiro rebate do instinto gerador, e vai até o nascimento.
“Deus retornou em seguida para a sombra, que ele fez para dar-lhe uma figura”.
Essa figura é o homem, cujo crescimento, alem dos limites naturais, é Deus, que se torna homem quando adquire confiança individual na razão pessoal, o conhecimento exato de suas formas, e, de suas atitudes psico-fisiológicas.
“A imagem divina é dupla. Há a cabeça da luz, e a cabeça da sombra; o ideal brando, e o ideal negro; a cabeça superior, e a cabeça inferior. Uma é o sonho do homem-deus, a outra é a suposição do deus-homem. Uma figura o Deus dos sábios, a outra,o ídolo do vulgo... O homem que busca Deus, não pode encontrar mais que o homem ideal ...”.
Assim, quando Deus está conforme as suposições, ele realiza o Deus dos sábios. Fora dessa conformidade, não faz mais do que esboçar o ídolo do povo, como fez a reforma de Jesus, que se tornou uma imensa heresia, que invadiu o mundo.
“Está escrito: O mistério do Senhor pertence àquele que o apreende... A Sinagoga dos Sábios é o corpo da humanidade, o corpo de Deus... O homem e a mulher unidos, em conjunto, compõem o corpo perfeito da humanidade...
“O homem que se separa da humanidade, recusando-se a se unir com sua companheira, não encontra ponto de apoio na grande síntese humana; fica de fora, estranho às leis de atração e transformação da vida. A natureza, envergonhada dele, o fará desaparecer, como nós nos apressamos em fazer desaparecer os cadáveres...
“É o equilíbrio do homem que faz o equilíbrio do mundo, e, se o homem não existisse, não haveria mais mundo, porque o homem é o receptáculo do pensamento divino, que criou e conserva o mundo. O homem é a razão de ser da terra. Tudo aquilo que existiu, antes dele, foi o trabalho preparatório do seu nascimento. A criação inteira, sem ele, não passa de um aborto...
“É assim que, nas suas visões, o profeta viu os anjos construírem um trono no céu, e, sobre esse trono, estava a figura semelhante à imagem do homem...
“Esse trono é vaso de fogo que dá a vida, e esse fogo vivifica, em vez de devorar e destruir...
“Se Deus deixa o trono, o fogo se extingue, de medo de consumir o mundo...”.
“Quando a potencia se põe no centro, ela cria um novo universo, microcosmo, e todos os outros se deslocam para gravitar em torno dele...
“O nariz curto e enrugado de Deus invisível sopra o fogo e a fumaça. É o vulcão da vida terrestre. É, também, o que os grandes rabinos entendem como o fogo eterno...
“Esse fogo não pode ser apaziguado, senão pelo fogo do altar, e, essa fumaça não é impelida, senão pela fumaça do altar...”.
“Cada pêlo da barba nascente termina num ponto de luz. Cada ponto de luz é um trabalho de parto do sol. Para receber cada sol, abre-se uma noite, que o novo astro deve fecundar, noite cheia de fantasmas e de homens, que o sol nascente ilumina, e nomeia com um sorriso...
“A forma do homem resume todas as formas, tanto das coisas superiores, quanto das coisas inferiores. Porque essa forma resume tudo aquilo que, dela nos servimos para representar Deus, sob a forma de Ancião Supremo...
“Quando o protótipo conjugal se equilibra, pelo apaziguamento do Deus da sombra,o casal adâmico se aproxima, e faz um geração equilibrada... A harmonia se faz, então, entre o céu e a terra... O mundo superior fecunda o mundo inferior , porque o homem,mediador entre o pensamento e a forma, encontrou, enfim, a harmonia...
“Houve, então, a glória divina do alto, e, a gloria divino de baixo... Tudo isso que existe é um corpo animado por uma só alma...
“A cabeça luminosa derrama, sobre a cabeça negra, um orvalho de esplendor... Abre, diz Deus à inteligência, porque minha cabeça está cheia de orvalho, e, sobre os caracóis dos teus cabelos, rolam as lágrimas da noite... Esse orvalho é a maná do qual se nutrem as almas dos justos, os seres têm fome, e o apanham a mãos-cheias nos campos do céu...”.
Essas citações parecem suficientes para demonstrar quais mistérios são “revelados”, debaixo do véu desse simbolismo. Esses mistérios consistem, essencialmente, na união funcional dos geradores. Nessa união, o homem e a mulher, formam o corpo perfeito da humanidade, que é, o mesmo tempo, o corpo individual de Deus.
Por analogia, a Sinagoga dos Sábios, agindo sobre as massas, cegamente submissas à sua obediência, é o corpo humanitário de Deus.
“O homem que teme o Senhor tem, por ele, o gozo e a propriedade dos mistérios do Senhor. Ele é deus sobre o trono, dirige e suporta o equilíbrio. Aquele que está separado da fêmea é caído...”
E o caído, por excelência, é o Cristo e sua Igreja.
É inútil insistir na interpretação fisiológica dos símbolos do fogão, do vulcão, do fogo, do altar do sacrifício, do nariz, da barba, do maná, do orvalho, da noite, do sol, da luz; mas, pode-se dizer uma palavra sobre o simbolismo do trono, lugar da mais gloriosa manifestação daquele que o ocupa.
Esse símbolo foi escolhido como emblema do lugar da geração. É chamado, pelos rabinos, “o lugar” por excelência, o “maçom”. O iniciado é objetivamente idêntico ao trono. A noite é o símbolo poético do objeto, do qual, o trono e o altar, são os símbolos positivos e místicos.
“O que sabemos serve de base para o que cremos. A ordem que vemos necessita daquela que supomos nas alturas, que nossa potência não alcança”.
Tudo se relaciona com a obra da carne. Tudo se explica pela analogia com a obra da carne.
Os nomes próprios, as personificações, as definições dos escritos ocultos, são verdadeiras sínteses de épocas fisiológicas, e, de regimes particulares, concernentes à obra da carne.
Os escritos fabulosos, e os textos esotéricos, são alegorias, pelas quais são descritos, malignamente, todos os estados sucessivos do organismo, e, de suas relações fisiológicas, durante a evolução dos fenômenos da geração, assim como as pretensões dos adeptos à hegemonia universal, com a exposição dos procedimentos adotados e aperfeiçoados, no correr dos séculos, para impor seu ideal a todos os povos.

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Em resumo, antes da Era Cristã, o hebro-paganismo tinha unificado todos as mitos, na sua expressão comum da divindade.
A pregação evangélica retirou, ao hebro-paganismo, esse monopólio da direção da sentimentalidade das almas. Após o drama do Calvário, o órgão complexo e misterioso das sociedades secretas, inspiradas e guiadas pelo Judeu, se esforça em refazer sua unidade; pelo desnaturamento progressivo do dogma e da moral católicos; pela multiplicação dos adeptos; pela unificação das doutrinas e das disciplinas; dos meios e dos objetivos.
Para expor a identidade dos segredos, em todos os tempos e países, e sua sujeição à mesma Cabala, um dos procedimentos mais demonstrativos consiste em fazer a analise dos seus textos e fórmulas, em aproximá-los, do ponto de vista lingüístico e etimológico, e, de confundi-los numa mesma significação, pela tradução, num mesmo texto categórico, dos seus diversos simbolismos.
Todas as seitas, e todas as Sociedades Secretas, que nasceram no Ocidente, derivam da Gnose. Sob nomes diversos, com formulações diferentes, elas projetam, sobre planos particulares, os ensinamentos gnósticos, eles próprios derivados da Cabala.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

A Gnose

A GNOSE


Com vossas mãos grosseiras,
escrevei, bruxas:
Abracadabra. (V. Hugo)



A gnose foi, em ultima análise, um formidável esforço, feito pelo hebreo-paganismo, para adaptar a terminologia evangélica à significação dos mistérios ocultos.
Desse ponto de vista, a história da gnose ainda não foi escrita pelos homens do nosso tempo; porém, seria possível reconstituí-la pelas obras dos seus contemporâneos, freqüentemente, Padres da Igreja.
O ensino, no segredo das iniciações gnósticas, era ministrado através de procedimentos simbólicos tradicionais, e, nossas seitas ocidentais apenas copiaram esses métodos iniciáticos.
Um exemplo, tomado do simbolismo gnóstico, permitirá compreender esses meios pedagógicos, conhecer-se o objeto e o sistema, constatar-se a persistência dos mais modernos iniciadores.
Eliphas Lévy, incontestavelmente o grande mestre da iniciação contemporânea no Ocidente, no seu livro Magia, escreve este texto perturbador:
“ ... O triângulo mágico dos teósofos pagãos é o celebre ABRACADABRA, ao qual atribuem virtudes extraordinárias, e que dispõem desta maneira:




A B R A C A D A B R A
A B R A C A D A B R
A B R A C A D A B
A B R A C A D A
A B R A C A D
A B R A C A
A B R A C
A B R A
A B R
A B
A


“Essa combinação de letras é uma chave do pentagrama.
“ O A, isolado, representa a unidade do primeiro princípio do agente intelectual e ativo.
“ O A, unido ao B, representa a fecundação do binário pela unidade.
“ O R, é o símbolo do ternário, porque ele representa hieroglificamente a efusão que resulta da união dos dois princípios ... trata-se, agora, de ´revelar´, isto é, de ´desvelar ´, o grande arcano, esse segredo terrível, esse segredo de vida e morte, expresso nas Sagradas Escrituras (Bíblia) pelas formidáveis palavras do juramento simbólico.
“ Um dos privilégios do grande arcano, que resume todos os outros, é a adivinhação. Segundo o sentido vulgar da palavra, adivinhar significa: conjucturar o que se ignora, porém, seu verdadeiro sentido é inefável, por força da sua sublimidade. Adivinhar significa: exercer a divindade.
“ A palavra ´devin´, em latim, significa mais, e outra coisa, que a palavra ´divin´, cujo sentido equivale a homem-deus. Devin, em francês, contém as quatro letras da palavra ´dieu´(deus), mais a letra N, que corresponde, por sua forma, à letra hebraica Aleph, e que expõe, cabalística e hieroglificamente, o grande arcano, cujo símbolo, no tarô boêmio, é a figura do palhaço.
“ Quem compreender, perfeitamente, o valor numérico do Aleph, após o quê adicionará as quatro letras da palavra ´devin´, de maneira a fazer encaixar 5 em 4, 4 em 3, 3 em 2, e 2 em 1, traduzindo, o número que encontrar, em letras hebraicas primitivas, escreverá o nome oculto do grande arcano, e possuirá uma palavra cujo tetragrama, do qual é apenas equivalente, e como que imagem...
“ Ser divino, segundo a força da palavra, esse ser divino é algo de mais misterioso ainda...” (*)
Essa explicação cheira a grimório (* *), e exige tantos comentários, quanto palavras, para seguir o autor nas voltas sem conta do labirinto tradicional do ocultismo.
“ ... O A, isolado, representa a unidade do primeiro princípio ... ”
Sem avisar, o iniciador emprega, aqui, a regra da cabala simbólica “Notaricone”, que consiste em tomar uma letra como inicial de uma palavra do seu próprio nome, Aleph, que significa, dentre outros sentidos: coitum fecit, cuja explicação dada (acima) precisa, mais ou menos, o sentido.
Idem B, segundo a mesma regra, tomado, aqui, no sentido da letra Beth, casa, com a significação ampla que Elifas Levi dá noutro lugar, numa passagem do seu livro: “O que é, então, a criação? É a descendência do Verbo criador. O que são os filhos da terra? É a descendência do falo...”
Essas explicações são confirmadas pela frase: “... O A, unido ao B, representa a fecundação do binário pela unidade. O R, representa a efusão que resulta da união dos dois princípios ...” porque R, unido a A e B dá a palavra “ABR”, genuit, ele a engendrou.
A interpretação cabalística do grande segredo dado pela letra Aleph é fornecida pelo sentido do seu nome, como é dado acima. A expressão hieroglífica desse grande segredo é dada pela configuração linear da letra Aleph, estilização gráfica da “figura do palhaço”, no tarô, análoga à letra N. Essas figuras, de fato, representam personagens que têm um braço levantado, e, o outro, baixado, como são as pernas do N e do Aleph, ao redor do corpo da letra.




( * ) N. d. t. – Em português, usando-se os métodos cabalísticos também se chega ao mesmo resultado.
( ** ) N. d. t. – Livro dos mágicos e feiticeiros.
“A primeira letra do alfabeto da língua santa, representa um homem que levanta uma mão para o céu, e abaixa a outra para a terra”. Essa letra ‘ é a expressão do principio ativo ... ela é, em si mesma, um pentáculo, isto é, um caracter docente da língua universal ...” Ela ´pode preencher os sinais sagrados do microcosmo e do macrocosmo. Ela explica o duplo triângulo da estrela flamígera ... O próprio palhaço é um enigma hieroglífico da grande obra ... “
Assim, o hieroglifismo do ocultismo iniciático deriva do sentido convencional atribuído à forma geométrica e ao nome pedagógico dos caracteres do alfabeto hebraico. Dali se desenvolve em figuras tradicionais, sendo uma delas “o palhaço”, mas, das quais muitas outras dão exemplos, tão desconhecidos quanto notáveis.
Esses véus não são suficientes, ao iniciador moderno, para “revelar” o segredo formidável do divino. Ele completa: “... Quem compreender perfeitamente o valor numeral de Aleph, esse Aleph multiplicado por si mesmo, após o quê adicionará as cinco letras da palavra divina, de modo a fazer entrar 5 em 4, 4 em 3, 3 em 2, e 2 em 1, traduzindo os nomes que encontrar, em letras hebraicas primitivas, escreverá o nome oculto do grande arcano...”
Parece, com certeza, que se apresenta o incompreensível. Nada disso. É uma linguagem, derivada da aplicação da Gamatria, que troca letras por algarismos que representam, ou vice-versa. Com um pouco de atenção, fica simples:
O valor absoluto de Aleph é 1, que representa a união conjugal do homem e da mulher, de Adão e Eva, porque as letras do homem, AD e M, têm, por valor numérico: 1.4.40, e, as da mulher, EV e H: 8.6.5. Somadas, as letras do homem dão 45, cuja adição é: 9. Somadas, as letras da mulher dão 19, cuja adição é 10, isto é: 1, que é o valor absoluto de Aleph, em conseqüência, símbolo da união conjugal de Adão e Eva, do homem e da mulher.
O valor de Aleph, multiplicado por ele mesmo, é o das letras do seu próprio nome, que valem: 1.40.700, cuja adição dá: 12, isto é, 3. São estes algarismos: 1.2.3. que é preciso traduzir em letras hebraicas primitivas, para escrever o nome oculto do grande arcano.
Há inúmeras maneiras de se fazer essa tradução. Várias são tradicionais, tal como a formula alquímica da transmutação: AMAN. IHVH. AIHE. AGLA, que quer dizer: “Eu sou o Grande Arquiteto do Universo”. Poderia descobrir IHVH que, cabalisticamente, faz entrar 4 em 3, 3 em 2, e 2 em 1. Eis como:
AMAN =1 + 40 + 50 = 91 = 9 + 1 = 10 = 1, – o homem.
IHVH =10 + 5 + 6 + 8 = 29 = 2 + 9 = 11 = 2, – a mulher.
AIHE = 1 + 5 + 10 + 5 = 21 = 2 + 1 = 3 = 3, – o andrógino.
AGLA = 1 + 3 + 13 +1 = 18 = 1 + 8 = 9 = 9, – a efusão.
É assim que a Cabala põe toda a magia numa palavra, e, que, pronunciar essa palavra, compreender o mistério, e, traduzir em ação esse conhecimento, é possuir a chave dos mistérios.
“... Para pronunciar o nome da Agla, é preciso girar-se à direita ... isto é, unir-se, com intenção e ciência, à tradição oriental.
“ Pronunciar o nome da Agla, cabalisticamente, é sofrer todas as provas da iniciação, e, terminar todas as obras ... O nome da Agla significa a unidade que, pelo ternário, completa o ciclo dos números, para retornar à unidade ... três pessoas que são um só deus, segredo do grande nome, e fixação da luz pela emissão ...”
De fato, sem entrar no estudo das fórmulas estabelecidas segundo os procedimentos cabalísticos, tomando as letras da palavra AGLA como iniciais de novas palavras, essas letras repetem a iniciação oculta dada pela fórmula de transmutação, pois que:
A, Aleph, significa: copulavit, e exprime, hieroglificamente, o dogma de Hermes: “O que está em cima, também está embaixo”.
G, Guimel, significa: maturavit, e exprime, numericamente, o terrário, e, hieroglificamente, a fecundidade.
L, Lamed, é a expressão do ciclo perfeito, e exprime, hieroglificamente, a circulação do movimento perpétuo.
Encontram-se, assim, nos tratados ocultos, muitas fórmulas, mais ou menos complicadas, do valor absoluto de Aleph, e, do seu valor multiplicado, isto é, da união fecunda dos geradores, do androginismo unitário. Todas essas fórmulas são obtidas pela tradução dos números em letras hebraicas, ou dessas letras em números, a fim de se escrever:
“ O nome oculto do grande arcano é uma palavra cujo tetragrama, ele próprio, não passa de equivalente...”



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O tetragrama, “nome de quatro letras”, é “o nome imposto” por Moisés: IHVH, o “Schen Hamaphoras”, do qual os cabalistas dizem que “o maior prodígio de Moisés foi, quando ele descobriu o quadrilátero, revelado a ele para destruir o poderio do Egito, em 3 vezes 72 letras, que perfaz o número 216, cubo de 6, representado pela letra Vev, caracter particular de Javé ...
Essa extensão do quadrilátero, em 216 letras, visa aos versículos 19, 20, e 21, do capítulo XIV do Êxodo. Cada um desses versículos contém 72 letras, ou seja, ao todo 216, estabelecendo 72 nomes de 3 letras, explicativos do Pentagrama, por tantas maneiras diferentes quantas são as combinações das letras.
O nome IHVH é próprio de Deus, na Bíblia. Os profanos o pronunciam IaHvé, ou ainda os protestantes JeHoVáH. Os iniciados o pronunciam somente letra a letra: Iod. Hé. Vev. Hé, como nos antigos bacanais.
Iod é a décima letra do alfabeto. Seu valor numérico é 10, cuja adição é 1, algarismo do princípio ativo.
Com a quinta letra do alfabeto, Hé, cujo valor numérico é: 5, forma a palavra IH, que quer dizer: Deus, pela contração do tetragrama IHVH.
Não há número, nem palavra, mais misteriosos que aqueles produzidos por essas duas letras. Os rabinos não escrevem, jamais, o número 15, pela combinação de 10+5, para não profanar o nome divino, empregando, como algarismos vulgares, as letras do seu nome. Eles o escrevem pelas combinações 9+6, ou 8+7...
Sem dúvida, os rabinos julgam que IH, IHVH, não representam qualquer realidade. Não passam de nomes. Mas, esses nomes se confundem, por si, na realidade das coisas, com o conjunto dos pensamentos sintetizados nele, no conjunto das aspirações, das determinações, e das obras procedentes desse nome e dos seus pensamentos, em meio à vida individual, e, nas relações sociais dos seus adoradores.
Os doutores da Sinagoga chegaram a se persuadir que os sinais fonéticos, ou gráficos, dos nomes, símbolos, ou figuras idolátricas, são, por si mesmos, na sua materialidade, sua natureza física, nomes reais, a essência natural, a única substância positiva do seu Deus, cuja pronúncia, interditada ao vulgo, é reservada, exclusivamente, aos grandes sacerdotes, no santuário.
Sob o único sentido do nome IH, os rabinos confundem as duas letras que constituem essa palavra. Escrevem, freqüentemente: “Iod, eu sou o que sou, Hé”, isto é, sob as formas Iod e Hé, sou, apenas, dois aspectos diferentes do mesmo Deus. Idolatricamente simbolizado pelas letras Iod e He, que formam o nome do tetragrama mosaico.
O nome atual da letra Iod, é o infinitivo regular de um verbo, inusitado em hebraico, que quer dizer, em árabe, “amar, achar prazer em”. Esse verbo é, gramaticalmente, idêntico a um outro que significa: lançar, e, substantivamente: aparelho para segurar, ou cabo, força, amor, energia, gozo.
O nome da letra Hé deriva de verbos que querem dizer: ser, aspirar a, querer, desejar, e, substantivamente: a parte genital da mulher.
A junção dessas duas letras em uma única palavra, quer, pois, dizer, na sua leitura separada: “o amor das partes genitais da mulher”. Essa junção forma o nome do deus que os cabalistas jamais pronunciam, fora do recinto sagrado.
A letra Vev, que se junta às letras Iod e Hé, repetidas para formar o tetragrama, quer dizer: agulha, gazua. Deriva de uma raiz que teria o sentido de: furar.
De maneira que, a significação esotérica do quadrilátero é: o amor sexual fura as partes genitais da mulher.
Aliás, hieroglificamente, essas letras representam: Iod, o falo, no momento fenomenal da sua maior energia geradora; Hé, o cteno; Vev, o lingam.
Encontra-se a significação do simbolismo complexo, de todas as letras hebraicas, nas obras relativamente recentes de Fabre d´Olivet, Rougé, Lenormand, Latouche ... que expuseram a questão, dirigindo-se às fontes mais autorizadas.
As quatro letras do nome divino exprimem, portanto, a continuidade e universalidade da potencia procriadora em ato, individualizada e localizada em todos os fenômenos do universo, feitos à imagem de Deus; ao mesmo tempo, seus resultados e seus constituintes, todos machos e fêmeas, unidos no ato fecundo da geração. Essa união constitui a trimúrti esotérica, que se liga à unidade procriativa do seu produto, por sua vez macho e fêmea, capaz de procriar, quarta letra do nome divino.
Ao mesmo tempo que nome divino, o tetragrama é o verbo “ser”, de modo que exprime, em hebraico, a evolução do sujeito no seu estado e na sua ação. O tetragrama mostra, pois, ao mesmo tempo, a essência do deus panandrógino e seu perpétuo devir.
Assim, está completa, nesse nome, a realidade simbólica da trimúrti oculta. Fica demonstrado que a divindade reside na união fecunda dos geradores, cujos órgãos distintivos são designados pelas letras Iod e Hé, cujo ato fecundo é designado pelas três letras do trimúrti, onde Hé repetido significa o produto, – quarta letra que certos autores não hesitam em chamar a quarta pessoa da Santíssima Trindade, e, outros, em identificar com a Virgem Santíssima.



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O sentido misterioso das quatro letras do nome divino é, ainda, expresso de muitas outras maneiras nas iniciações.
Encontra-se, por exemplo, nas diversas obras de Eliphas Lévy:
“O bastão, é o falo dos egípcios, ou o Iod dos hebreus. A taça, é o cteno, ou o Hé primitivo. A espada, é a conjunção dos dois, ou o lingam, figurado pelo Vev dos hebreus; de antes do cativeiro. O círculo, imagem do mundo, é o Hé final do nome divino...”
“O falo, o cteno, o lingam e a vida, o cetro de Osíris, a taça ou a flor de Lis, o lingam de Horus e o ciclo de Hermes, a vara florida de Aarão, o invólucro do Maná, a lâmina do sacrifício e a patena das oferendas, o báculo pontifício, o cálice da comunhão, a cruz e a divina hóstia, todos os símbolos religiosos correspondem...”
Todos esses signos, por certo, no dizer dos ocultistas, que pretendem impor-lhes o sentido, são representações convencionais das quatro letras do nome que Deus deu a si mesmo, para expressar a continuidade e a universalidade da potência procriadora da sua trimúrti em ato.
Da Gnose de Alexandria, à magia da Rua de Trévise, da qual Eliphas Lévy lançou as bases, e, à F.: M.:, todo o ocultismo se desenrola nessa indefinida multiplicidade de representações, que têm sua origem e explicação na Cabala simbólica, e nas fantásticas ficções do judeu nenródico.
O Judeu não viu no universo nada mais do que uma ampliação mundial das energias procriativas do homem, e, na divindade, que o gozo consciente da carnalidade universal. Seu sonho, apaixonadamente lúbrico, é substituir, pela fraqueza humana, cuja potência procriativa é intermitente e localizada, a todo-poderosa potência divina, contínua e universal. Para ele, todos os fenômenos do universo são lugares de gozo do panteão, e, os efeitos da sua ação geradora.
Ele pensa em realizar, conforme possui em si, sua divinização cá em baixo, pelo cumprimento ritual do androginismo. Sobre essa impostura, tirada de uma falsa interpretação, toda material, do texto bíblico, constituiu sua doutrina e disciplina, da qual partem, e, para a qual convergem, todos os sistemas esotéricos.
Ora, o Judeu não pode expor, categoricamente, essa doutrina, posto que ela repugna, essencialmente, à natureza e à razão do homem, que jamais aceitará, sem deformar-se previamente, a adoração de si próprio, numa dilatação, além dos limites naturais, do seu organismo fisiológico, estendido até o Cosmos. Somente alguns monstros de orgulho e perversidade, puderam consentir, através dos tempos, em receber essa iniciação terrível.
E somente lá chegaram por força dos procedimentos teúrgicos praticados com a finalidade de sugestionar, deformar e conservar os seus adeptos.
Entretanto, há uma outra causa que não permite ao Judeu ensinar com clareza e precisão. Essa causa, ainda mais imperiosa, é a impossibilidade da aceitação, pelos homens, como única razão de ser e agir, a de servir de instrumento de gozo à divindade judaica. Assim, o Judeu se esconde, sempre, por detrás das sociedades secretas.
A fim de realizar a fecundação iniciática das nações, necessária à implantação do seu projeto, ele se vê obrigado a estender-se, organicamente, através das sociedades secretas, capazes, sob mil formas variadas, e em doses apropriadas, de alcançar as mais diversas sociedades e os diversos ambientes, e, neles, realizar as “conversões” alquímicas, a “coagulação” das iniciações, de acordo com o seu ideal, a “construção maçônica” do Templo do Grande Arquiteto do Universo.
É na resistência da Igreja a essa desnaturação do seu dogma, e a essa deformação da sua moral, que reside o caráter particular, por todas as maneiras notáveis, da luta empreendida contra ela pela Judeu-Maçonaria.
Colossal e permanente tentativa de monopólio do Verbo, do símbolo qualquer que seja, enquanto simbolize um ideal. O ocultismo, após ter monopolizado o simbolismo fenomenal, “corrompendo o curso de toda a matéria”, após ter interpretado cabalisticamente o simbolismo espiritual, se esforça por monopolizar o simbolismo litúrgico, contra o qual “as portas do inferno não prevalecerão.”

domingo, 9 de maio de 2010

Judeu-Maconaria


I

JUDEU-MAÇONARIA


Nega-se, geralmente, a importância do papel desempenhado pelas sociedades secretas nas evoluções religiosas  e sociais, econômicas e políticas.
Sem dúvida, em diversas ocasiões, as autoridades sociais têm chamado a atenção do público para as questões muito obscuras da iniciação, e, em certas épocas, fatos retumbantes têm produzido uma considerável emoção, provocado pesquisas curiosas no domínio reservado das sociedades secretas, posto o problema angustiante das manobras ocultas, tendentes a substituir as sociedades existentes por organizações sociais premeditadas. Mas, não se encontram traços, na história dos povos, de um esforço internacional pela determinação da origem, das vicissitudes, do objetivo, das pretensões, da doutrina e da disciplina das seitas, consideradas, não mais como fenômenos isolados, mas como um organismo permanente, tão monstruosa quanto solidamente formado de uma multidão de partes disparatadas.
É, portanto, numa certa medida, uma novidade a apresentação da ação do ocultismo sobre os povos, nas suas fases sucessivas, estabelecendo o que são as sociedades secretas, como são ligadas entre si, no espaço e no tempo, de onde vêm, onde querem levar os homens, quem as constituiu, e, quem as dirige.
Nosso século pretende ser o século da razão, que não aceita outros conhecimentos senão aqueles adquiridos pela razão, que não admite o que não seja exposto em termos categóricos e precisos. Não saberia, portanto, suportar uma ciência oculta ao lado da ciência experimental, uma Verdade Revelada ao lado das realidades observadas e conhecidas, uma classe fechada nas escolas, uma sociedade secreta nas sociedades.
A ciência oculta das sociedades secretas não pode, portanto, permanecer impermeável aos métodos e às ambições da ciência moderna. O ocultismo não pode mais ser, no nosso tempo, senão uma realidade humana e material, não mais que um problema a resolver pelos procedimentos habituais da crítica, uma obra analisável pelos meios de investigação, capazes de desmascarar as sociedades secretas, consideradas em conjunto.
Observar, analisar, classificar, comparar todas as seitas é um trabalho puramente científico. Quem quer que seja atraído pelo estudo dos fenômenos que constituem o ocultismo, não pode se livrar desse trabalho.

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Ao fazer o inventário do templo esotérico, encontram-se portas, trancadas por fechaduras com segredo, cuja abertura exige, às vezes, muito tempo. Acontece que essas portas, abertas com tanto trabalho, dão acesso a salas vazias ou desativadas. Freqüentemente, elas conduzem a capelas que guardam documentos, indecifráveis sem um conhecimento completo da sua criptografia, dos hieróglifos fantásticos que requerem interpretação, ídolos monstruosos recobertos por véus emaranhados.
Se conseguimos entrar no santuário na hora da celebração dos ritos, assiste-se a estranhas cerimônias, sem ligação aparente com uma outra doutrina ensinada, nem qualquer objetivo conhecido, seguindo no encalço de formas desconcertantes, com uma liturgia obscura, sanguinária, ou simplesmente pueril, e, de resultados surpreendentes, efeitos desconhecidos, sugestões, prestígios, ou mesmo superstições.
Partindo-se das florações atuais do ocultismo, e seguindo-se seus talos rasteiros, nas suas evoluções medievais, descobre-se suas germinações nas civilizações pagãs, e, chega-se às suas raízes babelianas e nenródicas. *
É preciso saber orientar-se  nessa floresta virgem da iniciação, onde a vegetação é assaz luxuriante, as plantas são fedorentas e venenosas, as flores têm por pétalas dardos aguçados.
As sociedades secretas possuem, todas elas, uma mesma ciência tradicional, oculta, uma doutrina e uma disciplina comuns, as mesmas aplicações práticas, e, o mesmo pretenso acionamento das supostas forças ocultas da natureza.
O conhecimento profundo das sociedades secretas liga-se, portanto, ao conhecimento da ciência  oculta, cujo  estudo  torna-se  particularmente  difícil  pelos 

 * N.d.t.: Nenrod, o construtor da Torre de Babel.
métodos pedagógicos aos quais estão condenados os seus sábios. A ciência oculta,
com efeito, não pode ser ensinada categoricamente, porque  o  que  ela  ensina  está
em contradição formal com as necessidades e aspirações dos homens, e repugna essencialmente ao espírito humano. É obrigada a adotar um ensino simbólico, mascarando a “verdade” por meio de véus impenetráveis, que só podem descobrir aqueles que aceitam e se submetem à iniciação.

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Iniciação é uma palavra que significa: “revelar” o sistema simbólico adotado por cada seita – revelare – , descobrir a verdade, as deformações sucessivas às quais se submete o adepto na decifração dos símbolos iniciáticos.
Ensino simbólico, a iniciação tem por finalidade cobrir a verdade ao profano, expondo-a ao iniciado à medida em que ele pode descobri-la. Tem por método o emprego dos símbolos convencionais, porém submetidos, praticamente, a regras fixas. Uma ciência metódica e uma lógica rigorosa podem, portanto, evidentemente, analisar esse ensino simbólico, cuja complexidade não permite, não obstante, somente a um pequeno numero aprofundar-se no sentido integral.
Todavia, enquanto que quase todos os adeptos sofrem sua influencia, convencidos e seduzidos por sistemas que inflam as paixões, legitimam os vícios e afagam as ambições, muito raros são aqueles que, conduzidos ao topo da iniciação, possuem completamente a doutrina e a disciplina ocultas, e sabem visualizar suas conseqüências cosmogônicas e suas aplicações sociais.

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Os iniciadores não cessam de proclamar que nenhum profano, jamais, poderá descobrir seu segredo, e conhecer o sentido profundo dos seus documentos diretores e seus comentários reveladores.
“Não vos aproximeis dos espíritos que estão fora da grande comunhão, diz o rabino Simeão, no Livro dos Esplendores, como se eles pudessem vos ensinar qualquer coisa, porque não recebereis nada mais que nódoas.  Todos esses espíritos são como abortos e aleijões rolando no vazio. Eles escutam, seja no alto, seja em baixo, tudo o que podem entender, mas não compreendem, nunca, nada...”
No começo do seu Amphiteatrum sapientiae ..., a respeito  de uma coruja de óculos, Kunrath observa que, “assim como essa coruja de óculos, em meio à luz, o profano é incapaz de ver”.
No seu Tarô dos Boêmios, Papus proclama: “Alguns pensam que não convém revelar a ciência, que não a cobrimos suficientemente. A experiência nos mostrou que se pode dizer tudo sem medo. Os outros acusarão nossos escritos de serem obscuros e incompreensíveis. Isso, já prevenimos, pondo no início do nosso trabalho: “para uso exclusivo dos iniciados”. O verbo só marca quem deve ser marcado...”
“Dizemos o suficiente para os adeptos, e, talvez, demasiado para os profanos, professa Eliphas Lévy. Mas, o que nos tranqüiliza é o fato de tudo podermos dizer a esses, sem perigo, considerando que eles não nos compreenderão, e não acreditariam se chegassem a compreender...”
Todos estão convencidos de que os profanos possuem espíritos muito inferiores para compreender as formas diversas, por meio das quais a mesma idéia é expressa pelas seitas.
Sem dúvida, à primeira vista, o estilo dos ocultistas é incompreensível, e seus hieróglifos são indecifráveis, porque a grande associação cabalística tem sua linguagem, e, como observa Gougenot de Mousseaux, “... a mesma palavra é tomada por todo o mundo num sentido absoluto e radicalmente restrito ...” porque assim, como confessa  Eliphas Lévy, “... quando nos servimos de palavras consagradas, que se saiba bem, de uma vez por todas, nos afastamos tanto do sentido ligado a essas palavras pelos profanos que, a iniciação, é separada do pensamento vulgar...”

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Sem dúvida, também, se para se esclarecer se consultam obras especiais, não se encontram senão “revelações” , no sentido despistado dessa palavra, isto é, descrições e comentários arranjados para cobrir a verdadeira significação dos véus retirados.
Os grandes segredos não se formulam jamais. As profissões de fé, os programas rituais, os cursos históricos, as interpretações filosóficas, ou científicas, são redigidos, não a fim de desvelar segredos, mas, de uniformizar os procedimentos e os resultados das sugestões ocultas, tanto nas lojas, pelo esoterismo, quanto entre os profanos, pelo exoterismo, depois que seus autores tenham jurado se conformar às prescrições ocultas.
Assim, “a Declaração dos direitos do homem”, foi redigida com duplo sentido, por hábeis conspiradores, numa linguagem compreensível, num certo sentido, pelos homens comuns, querendo dizer absolutamente o contrário, pela conspiração dos iniciados. Da mesma maneira, “o ser supremo que uma prostituta encarnou sobre os altares da Revolução, não teria sido, reconhece Eliphas Lévy, o Deus verdadeiro, aquele dos bondeuseiros  (no original: bondieusards, bon-dieu-sards, bondeusaria, tropa daqueles que só falam no bom Deus. N.d.t.)
Entretanto, pela ciência adquirida na exegese oculta, pode-se dar uma explicação completa e rigorosa das analogias, metáforas, símbolos, enigmas, mímicas, datilogia, que constituem o estilo e as fantasmagorias do ocultismo. Os segredos aparecem, então, claros e precisos, como apareceram Mane, Tekel, Phares, depois das explicações de Daniel. 

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Todos os documentos redigidos para os profanos são, eminentemente, enganadores. Para desmascará-los, é preciso romper os selos dos documentos verdadeiramente ocultos, dirigindo o esforço na descoberta da chave. O ocultismo não seria perigoso se seu segredo estivesse à mercê do primeiro livre-pensador que surgisse.
A doutrina da judeu-maçonaria é uma sorte de panteísmo integral. Sua moral preconiza a satisfação higiênica das paixões e do bem-estar sensível e temporal. Seu fim é estabelecer, na paz, esse bem-estar, pela conquista do mundo e  reforma da moral. Seus meios são: a multiplicação dos adeptos, e, a destruição dos seus contraditores natos, os membros da Igreja, depois da elaboração dos ritos iniciáticos, que são os mais capazes de enfraquecer suas fileiras, pela atração.
A destruição da família, da pátria e da autoridade, da Igreja, não passa de meio para o ocultismo. É errado crer, e desastroso professar, que essa destruição é o ideal proposto aos iniciados, se não se demonstrar que a potência oculta não tem razão em querer destruir, examinando-se o que ela quer estabelecer sobre essa ruína universal, porque não se pode admitir que o simples fantasma da destruição possa atrelar milhões de homens ao carro do anticlericalismo.
É necessário, a fim de desmascarar o ocultismo, precisar o seu verdadeiro nome e seu único objetivo, o que são, exatamente, sua doutrina e sua disciplina, seu deus, sua história, suas pretensões, sua propaganda, seu fim, qual é o verdadeiro segredo da doutrina tradicional dos iniciadores, qual é a grande obra-prima dos exploradores das paixões humanas, o que é o judaísmo, o gentilismo, e quais são suas relações.

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Há, nas sociedades secretas, uma minoria docente, no ápice da qual estão os judeus de alta categoria, e, uma maioria discente de simples adeptos. A grande maioria dos iniciados ignora a doutrina, mas são habilmente conduzidos a dar o sentido conveniente aos detalhes práticos que repetem, constantemente, nos mesmos termos. O espírito tirânico, ao qual estão entregues, age neles no sentido da linguagem misteriosa.
Os chefes da minoria ensinante são muito inteligentes e realistas, visto que conseguiram, por toda parte, tomar a direção dos negócios públicos. Eles riem dos contraditores que engolem o anzol das suas pretensas revelações, posto que destruíram, progressivamente, as crenças dos seus adeptos, habituando os espíritos, por meio de procedimentos especiais, a transportar para as realidades materiais os nomes e as fórmulas das suas crenças.
Essa minoria ensinante não tem, de modo algum, por princípio, furtar-se a ensinar os mistérios aos adeptos, mas ela proporciona suas comunicações com visão própria, e para a perversão dos homens, de maneira a destruir tudo o que for obstáculo ao estabelecimento do seu reino no mundo, e, estabelecer sua tirania sobre um terreno desentulhado de todas as instituições da Igreja. A doutrina fundamental não variou jamais. Somente suas formulações e adaptações mudaram, segundo as circunstâncias e civilizações.
Nada cobre melhor as sociedades secretas que as falsas revelações, atiradas como pasto à curiosidade, e, capazes de enfraquecer a vigilância dos pastores civis e religiosos das nações. Longe de abrir o segredo, essas revelações nada mais fazem do que desencaminhar a opinião (pública). Quando constatam que uma dessas revelações causou inquietação, imediatamente, para fazê-la cair no esquecimento, novas revelações, por assim dizer, mais importantes e mais autorizadas, vêm multiplicar os despistamentos.

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Aliás, refletindo-se sobre as condições exteriores das sociedades secretas, forçoso é reconhecer que um dos principais meios empregados por elas deve ser a promoção de enganos a seu respeito, a fim de aumentar, no espírito dos profanos, as trevas que as protegem. Sacrificando um irmão, quer dizer, mandando de volta para o meio dos profanos um  homem que tem idéias assaz falsas, e a imaginação tão impressionada por elas, a fim de provocar um movimento favorável aos seus projetos, as sociedades secretas fazem com que os profanos trabalhem para elas. Nisso consistiria a direção de uma ação antimaçônica, com a finalidade de reverter o efeito da divulgação das doutrinas.
De fato, existem conspirações judias que têm, por objeto especial, a mudança e a corrupção, simulando revelações feitas por pretensos convertidos. Naturalmente, essas pretensas revelações, formuladas de acordo com as regras rabínicas, fascinam os profanos, rematam a iniciação dos adeptos, desencaminham a opinião (pública), como neste conselho de Paul Rosen: “Evita sempre imiscuir a ordem de maneira direta, seja no que for. Em conseqüência, desencoraje, com todas as suas forças, as publicações maçônicas. Porém, se as circunstâncias tornam indispensável a intervenção da ordem, escolha e designe, com antecedência, o irmão que deverá ser a vítima dessa ingerência, e desempenhar o papel de bode expiatório, para que o sacrifício feito publicamente, com a maior repercussão possível, inocente a ordem...”
Um exemplo moderno dessa manobra foi a conversão  de Leo Taxil, que assim definiu a F.: M.: : “o mundo que só  crê na matéria”, ajuntando  em outro lugar que “nesse mundo adora-se Satã”. Por essa definição, a opinião (pública) ficou completamente distanciada a respeito do objeto do culto maçônico, e, os polemistas católicos, se enganando desastrosamente quanto ao satanismo maçônico, apenas provocaram a zombaria dos iniciados e adeptos, longe de abalá-los.
O satanismo das seitas não é, de forma alguma, intencional e formal. É sub-reptício e material. Na sua causa, ele é o humanitarismo. Não é o satanismo senão aos seus efeitos, porque, tomando-se por deuses, os iniciados pretendem submeter às suas paixões todas as leis e criaturas. Se os iniciados são, de fato, submissos aos demônios, eles não admitem sua existência. Eles não saberiam adorá-los porque, longe de admitir sua superioridade, professam o seu nada. Usam, é bem verdade, as palavras: “deus, jeová, jesus, anjos, diabos, lúcifer, satanás...” , porém, não aplicam esses nomes aos diferentes seres definidos pela Igreja. Eles o adaptam a personificações de uma natureza completamente diferente.
A Judeu-Maçonaria quer restabelecer, para seu proveito, a gentilidade antiga, atrelando-a aos símbolos modernos da divindade do judeu, cujo triunfo consiste em reinar sem se descobrir. Na Judeu-Maçonaria, se encontra a ligação sub-reptícia de todos os paganismos do mundo às doutrinas, costumes e religiões talmúdicas.
Seu objetivo supremo é a entronização do dito rei do mundo; a reposição da autoridade universal, pelos simplórios de baixo, nas mãos dos grandes senhores, todos judeus; a escravização de todos os povos a esses homens, pelo açambarcamento de todas as funções sociais; a transformação do homem em animal doméstico; a exploração, pelo judeu, das massas humanas, uma vez suprimidos os chefes da ordem cristã.
Os orgulhosos sugestionados, cabalistas, gnósticos, magos, budistas, rosa-cruzes, teósofos, maçons, espíritas, ocultistas..., iniciados de todas as seitas e apaixonados por todos os vícios, professam que não há outro deus senão aquele que se revela pela nossa carne, nas voluptuosidades da humanidade.
Seu ato de fé é a criação, por geração, porque o universo é eterno; gerador divino, do qual eles próprios são, ao mesmo tempo, os produtos e os constituintes, os mais divinos e os mais dedicados à ação.
Para os iniciados, a revelação nada mais é do que um método de ensino, usado entre os povos primitivos, que tem por objetivo principal o mistério humano da geração, descrito sob véus alegóricos, “reveladores”, em todas as cosmogonias,  teogonias e mitologias. De acordo com eles, essas revelações são idênticas à revelação mosaica, entre todos os povos: fenícios, egípcios, assírios, caldeus, indianos, chineses, americanos... Todos os sedutores dos povos foram obrigados a falsificar as tradições históricas, dogmáticas e morais, das quais Moisés traçou o inalterável quadro para o seu povo, povo – deus.
É muito difícil, para quem não é judeu, imaginar como um homem pode adorar o seu povo, vê-lo como um verdadeiro deus, atribuir-lhe a qualidade de criador, e, de soberano senhor de todas as coisas. Essa imaginação, no entanto, não deve ser rejeitada sem que se tenha tomado conhecimento exato das doutrinas às quais aderem os judeus, e, que afundam esses infelizes, e seus adeptos, na mais pavorosa cegueira.           

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Sacerdote ortodoxo e busco interessados na Santa Fé, sem comprometimentos com as heresias colocadas por aqueles que não a compreendem perfeitamente ou o fazem com má intenção. Sou um sacerdote membro da Genuina Igreja Ortodoxa da Grecia, buscamos guardar a Santa Tradição e os Santos Canones inclusive dos Santos Concílios que anatematizam a mudança de calendário e aqueles que os seguem, como o Concílio de Nicéia que define o Menaion e o Pascalion e os Concílios Pan Ortodoxos de 1583, 1587, 1593 e 1848. Conheça a Santa Igreja neste humilde blog, mas rico no conteúdo do Magistério da Santa Igreja. "bem-aventurado sois quando vos insultarem e perseguirem e mentindo disserem todo gênero de calúnias contra vós por minha causa. Exultai e alegrai-vos pois será grande a vossa recompensa no Reino dos Céus." "Pregue a Verdade quer agrade quer desagrade. Se busca agradar a Deus és servo de Deus, mas se buscas agradar aos homens és servo dos homens." S. Paulo. padrepedroelucia@gmail.com